domingo, 17 de junho de 2012

Com 7,5% do PIB na Educação, Brasil só melhora em 2050





As metas de investimento em educação propostas pelo governo, pelos parlamentares ou pela sociedade são insuficientes para que o Brasil, em curto prazo, atinja o nível de gastos no setor feito pelos países desenvolvidos. Investir 7,5% ou 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação significa esperar até 2050, ou na melhor das hipóteses até 2040, para o País se equiparar ao nível de investimentos feitos pelas nações com menores desafios na área.
A conclusão é do professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Nelson Cardoso Amaral. Doutor em educação, Amaral fez um estudo comparando os investimentos feitos em educação pelo Brasil e por diversos outros países. Para isso, cruzou não só as informações de gastos em relação ao PIB, como também o tamanho da população em idade escolar de cada nação. "Só o percentual do PIB não dá conta do significado do investimento de um país", diz.
Por isso, para o professor, a votação do Plano Nacional de Educação (PNE) - que traça as metas educacionais para o País na próxima década - definirá mais do que um percentual de investimento. "O plano vai definir o tamanho do esforço que o Brasil pretende fazer para priorizar a educação e em quanto tempo o País quer atingir os desafios educacionais que possui", pondera Amaral.
A análise elaborada pelo professor considerou 27 países com realidades distintas. Todos os cálculos foram feitos por Amaral com base nos valores do PIB corrigidos com a paridade do poder de compra em cada país, o tamanho da população em idade educacional e o quanto cada nação investe em educação por aluno. A média de todos os países foi de US$ 4,4 mil em 2010 por pessoa em idade educacional (cerca de R$ 9 mil).
Pelos cálculos de Amaral, o Brasil investia US$ 959 - R$ 1.965 por pessoa em idade educacional. O valor é ainda menor que o gasto com os alunos já matriculados nas escolas, cerca de R$ 2 mil em média. Se destinasse os 7,5% do PIB para educação, o gasto por aluno triplicaria - chegaria a R$ 6 mil/ano por pessoa em 2020 - mas ainda estaria longe da média de investimentos feitos pelos países com menores desafios educacionais, que chega a US$ 7,9 mil por ano (R$ 16 mil, aproximadamente).
Se a meta for mantida, o País só atingiria valores semelhantes após 2050. "Os valores médios seriam mais rapidamente alcançados pelo Brasil se fossem aplicados percentuais com valores mais próximos dos 10%, claro. O Brasil atingiria a média dos países mais desenvolvidos em 2040", diz.
País% do PIB
em Educação
Valor aplicado
em Educação (US$)
% da população em
idade educacional
US$ por pessoa em
idade educacional
Iêmem9,65,651473
Índia3,2113,542236
Paraguai41,139408
Bolívia6,42,942695
Indonésia3,23133395
China1,9166,630419
Brasil48145959
Botsuana8,72,1482.206
África do Sul5,426,431.455
Cuba9,110263.322
México5,479,5352.019
Argentina3,821,2331.578
Chile3,27,8331.416
Uruguai2,91,4301.348
Rússia3,879,9222.601
Portugal5,512,8215.592
Coréia do Sul4,661,8255.446
França5,7120,4247.884
Dinamarca8,316,52511.960
Canadá5,266,5267.677
Espanha4,257,4226.477
Austrália4,536,9256.969
Alemanha4,6129,4227.187
Japão4,9202,9207.862
Estados Unidos5,3755,3288.816
Áustria5,417,4239.346
Noruega7,219,92715.578
(ÚLTIMO SEGUNDO)

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