domingo, 17 de junho de 2012

Queda do trabalho infantil não convence especialistas


A queda de 13,4% no número de crianças de 10 a 17 anos trabalhando no país, entre 2000 e 2010, foi considerada irrisória por especialistas e até por integrantes do governo. No Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, comemorado dia 12, dados divulgados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam que, apesar da redução no índice nacional, ainda existem 3,9 milhões de meninos e meninas ocupados no Brasil. Na faixa etária de 10 a 13 anos, em que a legislação federal proíbe o trabalho sob qualquer hipótese, houve aumento de 699.194 para 710.140 vítimas de trabalho infantil - um acréscimo de 1,56%. O Distrito Federal foi campeão no vergonhoso ranking, com salto de 179,4% nos casos.
"Podem dizer que 1,56% é estatisticamente pouco. Mas não estamos falando de estatísticas, e sim de vidas. De 10.946 casos a mais de trabalho infantil em relação a 2000 em uma faixa etária inadmissível, até os 13 anos", diz Isa Oliveira, coordenadora do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil. Para ela, o Bolsa Família tem "acobertado" o problema. "Nosso programa de transferência de renda, tão aplaudido internacionalmente, exige a matrícula, mas falha ao atestar a frequência escolar e o resultado dos alunos", diz.
A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, minimizou as críticas, restringindo-se a afirmar que o Ministério da Educação mede o desempenho dos alunos, sem dar estatísticas. Ela ressaltou, entretanto, que o Brasil precisa avançar na fiscalização, sobretudo em serviços domésticos. É necessário, disse a deputada federal Erika Kokay (PT-DF), uma mudança cultural. "O trabalho infantil é mais tolerado quando estamos falando de crianças de baixa renda. Dizem que é melhor do que estarem nas drogas e na criminalidade, como se elas só tivessem essas duas opções: trabalhar ou serem criminosas. Desenvolverem-se de forma saudável, ser criança, isso elas não podem", criticou. (CORREIO BRAZILIENSE)

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